Muito se fala em Relacionamento Abusivo, inclusive já publiquei um post sobre esse assunto 10 SINAIS Que Você Está Vivendo Uma RELAÇÃO ABUSIVA
Mas o que seria uma Relação Funcional, Saudável? Seria possível enumerar características que definissem uma relação desse tipo?
Eu acredito que sim! Acredito que existam algumas características primordiais para que um relacionamento se constitua de forma saudável. Mas para que haja uma maior qualidade na relação é preciso AÇÃO, algo que envolva a participação de ambos de forma ativa e intencional.
É claro que cada cultura, cada contexto social e época em que se vive terá uma “norma” que sinaliza uma espécie de modelo relacional. Por exemplo, vivemos em uma sociedade moderna (ou pós-moderna) em que o conceito intrínseco da individualidade é muito mais comum em uma relação amorosa do que há anos atrás, onde seria inconcebível a mulher pensar em seus desejos, sonhos e direito de escolha.
Assim, a qualidade da relação, naquela época estava muito voltada para uma estrutura familiar com um modelo pais, filhos, casa própria, estabilidade…
No entanto, nos dias atuais, a preocupação com a qualidade da relação, a rotina do casal e o ambiente familiar diário é muito mais discutido e valorizado. Mais do que a forma de casamento (com filhos, com emprego fixo, com casa própria), cada vez mais preocupa-se com o conteúdo (a qualidade da relação em si).
Por isso, para que a relação amorosa (seja ela casamento, namoro, noivado…) seja funcional, na minha opinião, precisa:
1) Saber manejar críticas – envolve saber dar e receber críticas.
Apontar críticas de forma construtiva. Ao fazer uma crítica:
“Adoro seu jeito de querer cuidar de mim, sua preocupação com meu bem estar, mas às vezes isso gera em mim insegurança porque parece que não confia na minha capacidade de fazer escolhas”.
. iniciou apontando as qualidades, isso gera menor resistência do ego da outra pessoa;
. depois é que começou a focar na ação que precisa ser melhorada;
. incluiu o modo como se sente, o que tende a gerar maior empatia.
Isso é diferente de:
“Você quer decidir tudo, é o rei, a majestade e cabe aos seus servos obedecerem”
. aqui a crítica está direcionada à pessoa, à sua personalidade e não ao seu comportamento.
Ao receber a crítica:
Se você tem em si a noção de que possue várias partes que compõem quem você é, ao receber uma crítica sobre algum aspecto que envolva sua personalidade, saberá que a crítica se refere à parte do seu self, não você como um todo. A crítica não define quem você é.
Assim, estará mais aberta às críticas e tenderá a não agir na “defensiva”.
2) Valorizar o cônjuge – envolve:
. Demonstrar amor
Não somente através da fala, mas através de ações concretas que demonstrem afeto (beijo, abraço, por exemplo)
. Escutar Ativamente
Não se trata de qualquer escuta, a pessoa ouve, compreende, interpreta. Não recebe passivamente as informações, mas demonstra interesse genuíno pelo que foi dito.
3) Lidar com direitos e deveres
Aqui a questão da definição de papéis tem maior valor.
Há anos atrás os papéis de cada um eram mais bem definidos na relação. Por exemplo, a mulher era a dona de casa e a responsabilidade pelos cuidados com os filhos eram dela, ao homem cabia o papel de provedor.
Hoje esses papéis são cada vez mais divididos, compartilhados e isso gera muitas vantagens, mas também pode criar uma confusão na relação conjugal, pois as obrigações e direitos de cada um tende a se confundir mais.
DIÁLOGO é FUNDAMENTAL
Como cada um pensa sobre os direitos e deveres? (ex: Somente a mulher cuida da casa? Ambos trabalharão fora? Ambos pagam as contas de casa? Quem leva os filhos ao médico? Só o homem trabalha? etc). Falar sobre aspectos práticos da relação e deixar isso claro, evitará confusão de papéis e transtornos.
4) Expressar assertividade e sentimentos positivos
Dialogar sobre os pontos que precisam ser ajustados é necessário, porém, é fundamental lembrar de elogiar e apontar as características ou forma de agir que foi assertiva do outro. Isso alimenta a relação, cria um ambiente saudável e faz com que o outro se sinta valorizado. Caso contrário poderá pensar “Parece que eu nunca faço nada certo”.
5) Ambos crescem como pessoa
Em uma relação saudável ambos crescem. Se uma das partes precisa constantemente se sacrificar pelo outro a tendência é que desenvolva em si um sentimento de precisar ser recompensado pelo seu esforço. Isso gera expectativas e, em algum momento, frustração.
Quando há uma relação de troca, aonde um está disposto a aprender com o outo, a dar e receber, o senso de igualdade tende a ser maior e a individualidade (diferente de individualismo) são preservados.