O Transtorno de Personalidade Borderline nas Relações Amorosas

Esse termo Borderline, vem de viver na “borda” ou no limite.

Trata-se aqui de um Transtorno da Personalidade:

“Pode-se definir personalidade como um padrão particular que um indivíduo apresenta em relação a seu modo de pensar, sentir e se comportar socialmente, que se mantém de certa forma constante ao longo do tempo e se expressa nas mais diferentes situações.”¹

A principal característica desse Transtorno de Personalidade é a instabilidade, principalmente quanto ao humor (por isso, pode ser diagnosticado erradamente como Transtorno Afetivo Bipolar, apesar de poder coexistir é preciso buscar um diagnóstico correto para utilização da medicação/tratamento mais adequad0).

Esse transtorno é mais comum nas mulheres.

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Nesse caso, ela apresenta um padrão de relacionamento interpessoal muito variável, demonstrando acessos de raiva intensa, levando muitas vezes à destruição de objetos contra o parceiro.

Esse padrão está relacionado à fortes reações emocionais, bem como à uma intensa dependência do outro. Sentem um medo frequente de serem abandonadas e um sentimento de vazio também é comum nesses casos.

Por isso, é muito comum que mulheres com esse diagnóstico sejam Dependentes Emocionais. Pois vê na figura do parceiro amoroso, mesmo que de forma não consciente, alguém que dará sentido ao seu sentimento constante de vazio.

O sentimento e medo de abandono normalmente leva a crises de ciúme, gerando consequências brigas e discussões.

Tende a ter um padrão de relacionamento com extremos:

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Extremo da idealização – sente-se como a mulher mais realizada do mundo. Projeta o parceiro como alguém perfeito e o coloca em um “pedestal”.

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Extremo da desvalorização – o parceiro não é merecedor do seu amor e sente-se como injustiçada, desvalorizada e com raiva.

Tais pensamentos conflituosos acabam por influenciar na mudança de humor.

 

Algumas possibilidades de comportamento

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Em crises emocionais mais agudas, a mulher pode se automutilar na tentativa de transferir a dor emocional para a dor física (que se apresenta como mais suportável).

Obs: importante dizer que nem todas as pessoas que praticam o chamado Cutting possuem necessariamente o diagnóstico de Transtorno Borderline. É preciso investigar caso a caso.

Podem se envolver em situações de risco como dirigir em alta velocidade e fazer sexo sem proteção.

Também podem se envolver com o uso abusivo de drogas, álcool e demais situações que envolvam comportamento compulsivo (jogos, por exemplo).

Por falar em comportamento compulsivo, na relação amorosa pode comportar-se como “cuidadora compulsiva”, traço marcante das pessoas com Dependência Amorosa, na tentativa de evitar o abandono.

Tratamento

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É recomendado o uso de medicação. Apesar de não haver medicação exclusivamente destinada ao transtorno, um diagnóstico bem feito auxiliará na decisão do Médico Psiquiatra na escolha da medicação mais adequada. Como anticompulsivos para irritabilidade, estabilizadores de humor para instabilidade e antidepressivos para casos em que também haja depressão.

A Psicoterapia individual ou em grupo auxiliará a mulher em sua autorregulação emocional, ajudando-a a controlar melhor suas emoções disfuncionais. Bem como, trabalhar suas questões de autoimagem e autoestima.

Nos casos de Psicoterapia de grupo o fato de haver a presença de outras pessoas com problemas similares acaba por promover um ambiente de acolhimento e a pessoa aprende a interagir e conviver apesar do diagnóstico. Pois é justamente na interação com outra pessoa, no convívio com o outro, que os sintomas costumam ocorrer.

Além disso, aprende que o diagnóstico não a define como mulher, nem como pessoa.

 

1 Cinema e Loucura: conhecendo os transtornos mentais através dos filmes. J. Landeira, Elie Cheniaux