Pesquisas mostram que alguns pontos de um casamento favorecem o aparecimento de casos extraconjugais:
1) No início do casamento
2) Após o nascimento de um filho, em geral o primeiro ou segundo filho
3) Quando os filhos saem de casa
4) Quando surge o sentimento de que o outro não corresponderá às suas expectativas, não importa o que ele faça. Ou seja, a pessoa conclui que o parceiro(a) não corresponde à imagem idealizada
Lembrando que não se trata de uma regra, que em todas essas situações a infidelidade ocorrerá. São situações que fazem aumentar as possibilidades. Mas isso dependerá também do repertório de possibilidades de resolução de problemas, da instrumentalização psíquica e emocional e da capacidade de regulação emocional que cada um traz em si.
Hoje falarei sobre o terceiro ponto. Leia sobre o anterior em Infidelidade após o nascimento do primeiro filho – Infidelidade Parte 4
Existem diferentes etapas pelas quais passamos na vida e implicam em mudanças significativas. O bebê quando desfralda (significando um relevante momento de maior independência), os filhos quando casam, a morte do(a) cônjuge. São as chamadas mudanças no CICLO VITAL. Essas mudanças podem ser difíceis, pois implicam na mudança de um cotidiano e costumam gerar impactos emocionais e psíquicos.
No caso da saída dos filhos de casa, que vão naturalmente viver suas vidas fora da casa em que cresceu com a família, ocorre a PERDA DO PAPEL PARENTAL, ou seja, tudo que envolvia aquele filho em casa (obrigações, cuidados, divisão de tarefas etc) é retirado e isso pode ser vivido pelos pais ou por uma das partes (em casos mais severos) como a chamada Síndrome do Ninho Vazio – mais comum ocorrer com as mães. Por conta da perda do papel de cuidadora, poderá ocorrer sintomas depressivos, consequência da falta de sentido de vida: “E agora o que vou fazer?” “Qual meu propósito de vida?” “Não sirvo para nada!”.
Muitas vezes o casal nem dorme no mesmo quarto e leva a vida muito separados. Costumam ser casais com muitos anos de casados, em que a comunicação e intimidade ficavam restritas aos assuntos diários e quase nunca à vida conjugal.
Por isso, quando os filhos saem de casa fica um vazio (existencial) no lugar, pois mesmo havendo um clima de “amizade” entre o casal, a saída dos filhos evidencia que já havia um distanciamento entre eles ou, talvez, nunca tenha havido um envolvimento emocional profundo entre ambos.
Muitas vezes o que ocorre é que casaram-se para ter família, segurança, filhos…um lar perfeito. No entanto, a vida diária é construída por seres humanos reais (com falhas e acertos) e não se sustenta com a ilusão de perfeição. Os conflitos e ajustes que fazem parte das relações humanas acaba trazendo frustração e distanciamento afetivo e a infidelidade aqui costuma ocorrer para se obter fora o que falta emocionalmente no casamento.
Quando o casal vai desenvolvendo ao longo de sua jornada juntos uma relação mais próxima e de casal (não apenas pais) fica mais fácil passar por essa fase do ciclo vital (saída dos filhos de casa). Podem vivenciar esse período com seus aspectos positivos: aumento da renda familiar, preenchimento do tempo com afazeres sociais, melhorando assim a qualidade de vida do casal. Toda fase de mudança exige reajustes, mas planejar esse momento de saída dos filhos de casa é muito importante para não vivenciar um esvaziamento no sentido de vida.