Pesquisas mostram que alguns pontos de um casamento favorecem o aparecimento de casos extraconjugais:
1) No início do casamento
2) Após o nascimento de um filho, em geral o primeiro ou segundo filho
3) Quando os filhos saem de casa
4) QUANDO SURGE O SENTIMENTO DE QUE O OUTRO NÃO CORRESPONDERÁ ÀS SUAS EXPECTATIVAS, NÃO IMPORTA O QUE ELE FAÇA. OU SEJA, A PESSOA CONCLUI QUE O PARCEIRO(A) NÃO CORRESPONDE À IMAGEM IDEALIZADA
Lembrando que não se trata de uma regra, que em todas essas situações a infidelidade ocorrerá. São situações que fazem aumentar as possibilidades. Mas isso dependerá também do repertório de possibilidades de resolução de problemas, da instrumentalização psíquica e emocional e da capacidade de regulação emocional que cada um traz em si.
Hoje falarei sobre o quarto ponto. Leia sobre o anterior em Infidelidade quando os filhos saem de casa – Infidelidade Parte 5
Ao casar ou escolherem morar juntos, cada cônjuge leva consigo as suas heranças familiares, os seus modelos aprendidos e enraizados, ainda que muitas vezes negados (busca fazer o oposto, negar o modelo vivenciado no passado).
Também carregam um mundo relacional, formado pelas relações amorosas anteriores que lhes permitem efetuar comparações e confirmações e também criar expectativas. Isso quer dizer que o modelo de vida interna e relacional será naturalmente confrontado com o do parceiro. No entanto, quanto menor for a autonomia nesse processo de negociação e construção de uma realidade adaptada à nova relação, maior a possibilidade de sofrer DESILUSÃO.
Construir um novo modelo de relação, não significa esquecer ou apagar tudo que se viveu em outro momento da vida, mas significa construir parâmetros adaptados ao momento atual, à relação que é vivida hoje. Isso consiste em criar uma terceira realidade (que considera que cada um da relação tem sua própria identidade, características e personalidade, ou seja, que cada ser é único), significa criar um modelo REAL.
Porém, muitas vezes a pessoa fica tão presa à modelos e à uma dinâmica de comparações que cria uma “REALIDADE FANTASMÁTICA”, que significa ficar preso ao modelo idealizado.
O que a infidelidade tem a ver com essa dinâmica?
Estamos falando de um estado profundo de FRUSTRAÇÃO. A pessoa entende que não importa o que o parceiro(a) faça, não corresponderá nunca àquilo que idealizou. Assim, a infidelidade pode ter o papel de fornecer para o infiel tudo aquilo que esperava ter na relação amorosa.
Toda relação amorosa possui cláusulas que contém expectativas e regras, mesmo quando não são conscientes por parte de cada um. Quanto mais você conhece tais “cláusulas”, ou seja, o que você espera do outro e vice-versa, menores as chances de criar expectativas e, por sua vez, desilusões.
Por isso, considero importante perguntar a si mesma (o) – tanto ao se iniciar a relação como em qualquer fase da vida:
· Eu sei o que espero de uma relação amorosa?
· Será que tudo aquilo que eu espero do outro, costumo comunicar?
· As “cláusulas do contrato” ficaram claras?
· Ou será que costumo colocar a pessoa nesse “plano ideal” e ela, por sua vez, também não quer saber quais as exigências contidas no contrato assinado?
· Até que ponto consigo respeitar as diferenças?
· Até que ponto consigo aceitar realmente quem sou e não o que eu gostaria de ser?
Para finalizar, penso que também cabe aqui um questionamento: como saber se estou muito enrijecido nas minhas idealizações ou se estou seguindo um referencial saudável, fruto de uma conclusão daquilo que é melhor e saudável para mim? Gravei um vídeo falando sobre isso Caiu na armadilha da Idealização exagerada de uma Relação Amorosa?