Infidelidade no início do casamento – Infidelidade – Parte 3

Pesquisas mostram que alguns pontos de um casamento favorecem o aparecimento de casos extraconjugais:

1)      No início do casamento

2)      Após o nascimento de um filho, em geral o primeiro ou segundo filho

3)      Quando os filhos saem de casa

4)      Quando surge o sentimento de que o outro não corresponderá às suas expectativas, não importa o que ele faça. Ou seja, a pessoa conclui que o parceiro(a) não corresponde à imagem idealizada

Não se trata de uma regra, que em todas essas situações a infidelidade ocorrerá. São situações que fazem aumentar as possibilidades. Mas isso dependerá também do repertório de possibilidades de resolução de problemas, da instrumentalização psíquica e emocional e da capacidade de regulação emocional que cada um traz em si.

Nesse post falarei sobre o primeiro ponto:

 

INFIDELIDADE NO INÍCIO DO CASAMENTO

Nessa fase os parceiros estão construindo uma vida em comum.

Essa adaptação envolve lidar com as regras, crenças e modelos de união conjugal que cada um trouxe de sua família de origem. Seja para repetir o padrão aprendido ou para buscar fazer completamente o oposto (tanto em um caso como em outro, a família original é o indicador).

São duas pessoas que viviam em realidades diferentes e que agora precisam construir uma história em comum.

Nos casos em que essa adaptação ocorre de forma mais difícil dois panoramas podem surgir:

 

1)      EVITAÇÃO DE CONFLITO

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Toalha molhada na cama, não lavar os pratos após as refeições, deixar roupa espalhada, querer sair todos os finais de semana, são exemplos de situações que podem gerar irritação de cada parte da relação.

O que muitas vezes acontece é que a pessoa pensa: “Não posso criar conflito apenas por causa de roupa, sapatos…nosso amor é maior que isso”.

No entanto, logo que ocorre o episódio novamente, a raiva reaparece e junto com ela o medo de magoar o parceiro ou desestabilizar a relação.

A insegurança em conversar pode gerar mal entendidos, a sensação de que o outro não se preocupa e no final, um distanciamento afetivo entre ambos.

Segundo Rosa Maria Stefanini (Psicóloga, fundadora da Associação Brasileira de Terapia Familiar) em casos assim, a relação extraconjugal pode ocorrer como forma (consciente ou não) de mandar uma mensagem: “Eu vou fazer você me dar atenção”.

Geralmente, são casos breves, com pouco envolvimento emocional e muita culpa do infiel, que deixa pistas claras (consciente ou não) para ser descoberto.

Ambos podem se envolver em um caso, dependendo do grau de frustração e oportunidade que cada um esteja vivenciando.

 

2)      EVITAÇÃO DE INTIMIDADE

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Aqui, segundo Rosa Maria Stefanini, a mensagem é “Não quero precisar de você”.

Normalmente, são pessoas que vivenciaram em suas famílias de origem situações de desamparo emocional e insegurança ou mesmo casos de uma aparente harmonia, mas que na verdade, trazia no fundo inúmeros conflitos não resolvidos. A criança, por ser muito sensível, percebe que tem algo estranho no ar e isso acaba gerando sensação de instabilidade, provocando assim, muita insegurança.

Assim, a pessoa vem para a relação carregando um enorme medo de sofrer, de ser magoada, e isso traz uma sensação desconfortável de estar “na mão” da outra pessoa, de ser uma marionete na mão do outro. Por isso, evita (de forma consciente ou não) o vínculo emocional mais profundo.

Geralmente, os casos extraconjugais tem pouco envolvimento emocional, pois afinal, o que a pessoa menos busca é vínculo afetivo.

 

AFINAL, O QUE PODE SER FEITO NESSES CASOS?

Em ambos os casos é fundamental trabalhar a comunicação.

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Nos casos de evitação de conflito é comum trazer a ideia de que divergência de ideias é sinônimo de problemas e, necessariamente, confusão. Por isso, o medo de magoar ou desestabilizar a relação costuma ser presente. É preciso descontruir esse mito e trabalhar na possibilidade de verbalizar suas emoções de forma mais assertiva, no intuito de criar uma solução viável para ambos:

  • Procure entender a realidade familiar que seu parceiro(a) viveu. Por exemplo: outras pessoas faziam as tarefas para ele(a)? (como organizar suas roupas, arrumar seu armário etc). Como era sua realidade financeira? etc
  • Procure o melhor momento para conversar
  • Mostre como foi sua realidade (vinda da sua família de origem). Para que a outra pessoa da relação também possa ter uma visão mais ampla sobre você
  • Converse sobre a realidade atual em que vivem. Aquilo que acredita que possa ser melhorado
  • Mostre como se sente
  • Tenha em mente que isso é um diálogo. Por isso, ambos podem falar e se expressar
  • Tenha em mente que isso NÃO é uma queda de braço. A ideia é achar uma alternativa em comum e não ganhar uma disputa

 

Nos casos de evitação de intimidade  o primeiro passo é se dar conta do medo que possui de se “entregar” na relação. Toda relação envolve riscos, porém, quanto mais fortalecido emocionalmente você está, mais suporte emocional encontra para vivenciar as frustrações que a vida poderá trazer, na área afetiva ou não.

Quero dizer que o medo de sofrer pode ser estendido para a área profissional, por exemplo. Por isso, trabalhar seu fortalecimento emocional, sua tolerância à frustração, sua autoestima, será fundamental para se “arriscar” mais naquilo que gosta e deseja viver, porém, de forma mais plena.

 

No próximo post (Parte 4) falarei sobre Infidelidade com o nascimento do primeiro (ou segundo) filho.