A morte é um assunto temido e muitas vezes evitado. Porém, faz parte do viver e das relações humanas.
O impacto da morte de alguém da família ou de um cônjuge pode desestruturar uma vida e sobre esse último que vou mais especificamente abordar aqui.
QUANDO MEU PARCEIRO(A) MORRE
A perda de um cônjuge é uma perda colossal!
No entanto, entrar em contato com o luto significa viver e dar novos sentidos à vida.
A tendência é com o tempo o Luto Agudo ir dando lugar ao Luto Integrado.
O Luto Agudo é o momento do processo de luto em que a dor e o sofrimento são intensos e ocorre um desinvestimento das atividades de rotina e das relações interpessoais. A pessoa tem sua vida referenciada à pessoa que se foi: o cheiro, as lembranças dos momentos que viveram, àquilo que o parceiro faria em dado momento do dia…Enfim, tudo faz lembrar a pessoa.
Por isso, a pessoa enlutada costuma sentir-se extremamente cansada, pois vive um momento de extremo desgaste emocional e psíquico. Não sente energia para lidar com as demandas do dia-a-dia e muito menos interagir com outras pessoas.
Já o Luto Integrado é uma fase em que a pessoa começa a investir energia emocional em atividades cotidianas. Começa a evoluir do “ser” a dor para “ter” a dor.
Mas para que isso aconteça é preciso antes de mais nada que a pessoa enlutada respeite seu movimento natural de vivência do luto e buscar ajuda a quem é significativo em sua vida é de suma importância.
Com o tempo expressar sua dor tende a ser mais possível e isso também auxilia no processo de ressignificação da perda.
Aceitar novos papéis na vida e lidar com o processo dual do luto é um desafio, mas ao mesmo tempo um sinalizador de que a fase aguda do luto vem dando lugar à fase de luto integrado.
Mas o que significa o Processo Dual do Luto?
Diz respeito a uma espécie de fase em transição, em que a pessoa enlutada fica hora orientada para o luto, hora para a restauração. E essa última consiste nesse processo de incorporação (aos poucos) de novos papéis na vida. Assim, a vida vais, aos poucos, se reestruturando.
Entender esse processo é importante para que a pessoa não se sinta CULPADA em estar dando novos sentidos à vida. Para que ela entenda que estar passando do processo mais agudo para um processo mais integrado NÃO significa que o amor e o significado de quem se foi deixará de existir.
O amor construído foi estabelecido na presença da pessoa, mas permanecerá em sua ausência. No entanto, esse amor agora passa a ser constituído pelas lembranças, pelas gargalhadas compartilhadas, pelos sonhos e frustrações divididos, pelo aprendizado.
É como se com o tempo esse amor encontrasse um lugar próprio e particular em seu coração, cedendo assim, espaço para que novos sentidos e significados também tenham seu lugar.
Se você vive a dor da perda de alguém (seja quem for), é porque você se arriscou, se aprofundou, VIVEU! Quão triste não é morrer em vida, tentando evitar se entregar à relação por medo de sofrer!