Dependência Emocional

Dependência Emocional

  • Tem como principal característica a necessidade incontrolável de estar com o parceiro amoroso
  • Sente muito medo de perder a pessoa e não sente sentido na vida se não estiver na relação amorosa
  • Busca incessantemente ler os sinais deixados pelo parceiro, na tentativa de se sentir segura em relação a continuidade da relação
  • Estabelece uma relação de cuidadora, dentre outras coisas, para se fazer “indispensável” na vida do outro
  • Tem reações físicas quando está sem a outra pessoa: aumento da ansiedade, taquicardia, insônia ou sintomas depressivos

 

Os aspectos que estão envolvidos nessa forma de ser na vida ocorrem e interagem dinamicamente:

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Aspecto Neurobioquímico

Neurocientistas constataram que esse tipo de dependência faz um caminho no cérebro que é muito parecido com o uso de álcool e drogas. Sintomas físicos e emocionais parecidos com as crises de abstinência também fazem parte. Por isso, mesmo tendo passado a fase da paixão a pessoa precisa do(a) outro(a) para se sentir bem – mesmo que muitas vezes essa relação seja nociva e prejudicial. (fonte: A química entre nós por Larry Young e Brian Alexander.

Aspecto Cultural

Não é à toa que a maioria das pessoas que admitem que são dependentes amorosas são do sexo feminino. A cultura influencia nesse processo, pois em nossa sociedade (devido ao papel materno) é natural esperar que a mulher cuide mais, demonstre mais amor e fale mais sobre seus sentimentos, o que acaba facilitando a percepção de seus próprios sentimentos e sensações na vida. Até mesmo quando nossa cultura (cada vez mais isso vem sendo desconstruído) estabelece que a mulher aos 30 anos precisa estar casada e com filhos, serve como fator de influência nas decisões e escolhas do “ser mulher”.

O que normalmente acontece com os homens é que estes procuram essas satisfações mais externamente, sendo a dependência mais voltada para o abuso de álcool, drogas e jogos, por exemplo.

Aspecto  Psíquico e Emocional

O que se observa nessas dinâmicas relacionais é que seu processo de individuação – ou seja, sua capacidade de se perceber como um ser único e individual- é muito baixa.

É como se a pessoa só conseguisse se perceber como ser existente à partir do olhar do outro. Por isso, a necessidade e preocupação em agradar, cuidar e servir, pois é somente através do olhar do outro que consegue se perceber como ser existente.

Ou seja, quanto menor o senso de individuação, maior será a busca por formas de preenchimento existencial e necessidade do outro para dar sentido à sua vida.

Outro aspecto presente é uma autoestima baixa em que a pessoa não consegue se perceber como ser valoroso, que apesar de suas limitações, possui inúmeras outras características que a fazem especial.

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A influência do Padrão Familiar

O padrão familiar que foi estabelecido na infância influencia na percepção que a pessoa carrega de si mesma nos tempos atuais. Isso porque, as experiências ainda nos primeiros anos de vida com o cuidador primário vão construindo aos poucos o que no futuro serão as expectativas sobre si mesmo, sobre os outros e sobre o mundo em geral.

Não se trata de uma fórmula matemática ou relação causa e efeito: “toda pessoa que viveu abandono ou negligência emocional na infância (e) teve sua autopercepção prejudicada) viverá dependência emocional.”. Isso por que outros fatores poderão contribuir ao longo da vida para o desenvolvimento de um processo de resiliência (como outras referências “saudáveis”, a própria capacidade da pessoa em ser resiliente).

Mas nos casos de dependência amorosa o que ocorre é que, na verdade, ela busca o preenchimento de uma falta que não foi preenchida desde muito cedo, nessas primeiras relações afetivas da vida.

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Outras formas de Dependência Emocional

Quando se fala desse tema, é comum relacioná-lo somente à necessidade de estar em uma relação amorosa, no âmbito sexual mesmo. No entanto, essa dinâmica também pode se apresentar na relação mãe e filho, por exemplo. Você sabia?

Isso mesmo!

A necessidade de cuidar, de fazer parte da vida do filho ou filha ocorre mesmo quando esses crescem. Isso ocorre pelo mesmo motivo: a dificuldade de se perceber como um ser individual.

A mulher não investiu em outro aspectos de sua vida, apenas o papel de mãe, cuidadora de seus filhos. Em alguns casos de Síndrome do Ninho Vazio se observa essa dinâmica

Psicoterapia e Neuroplasticidade

O que a psicoterapia faz é auxiliar nesse processo de individuação, colaborando para a ressignificação das relações e impressões sobre a pessoa e (em termos neurais) novos caminhos sinápticos se estabelecem no cérebro, fazendo com que a pessoa amplie seu leque de atuação na vida.

Em consequência desse processo, começa a olhar mais para suas necessidades e, paralelo a um trabalho de autoestima, estabelecer relações mais saudáveis.